O QUE EU DEVO FAZER AGORA?


Estive pensando em o que eu devo fazer agora. Agora eu estou com quase trinta anos. Agora eu cometi erros-sem-fim. Agora eu estou afogando em dívidas. Agora eu não sei o que fazer.

Não é como se eu não possuísse saídas. Mas, sair para onde? Há opções que não são minhas. Há caminhos que me impedem. E, neste ponto, afirmo que o livre arbítrio é uma piada infame. No final, estaremos condicionados a regras e leis que nos regem a todos indistintamente.

O ato de manter a esperança é suplicar a dor. É como ajoelhar-se de boca aberta e esperar pelo ácido que corrói as entranhas. Na tentativa de soltar as amarras que nos prendem os tornozelos despencamos em um abismo infinito de incerteza e solidão.

Meus amigos estão dizendo coisas que não querem dizer. Minha família está fazendo coisas que não querem fazer. Tem pessoas sofrendo para serem aceitas em lugares que não querem estar. A esteira segue nos levando para onde não queremos ir. Agora eu não sei o que fazer.

Opções que não nos dão muitas opções.

Eu me mantive correndo sem saber para onde ia. Eu continuei seguindo por anos sem saber o que estava acontecendo. E, quando finalmente parei, fui pisoteado por centenas de passos apressados que não sabiam para onde estavam indo.

Somos porcos indo pro abate?

Há cobrança mais ardua aquela que fazemos a nós mesmos? Por vezes não poupamos esforços para auxiliar um amigo, conhecido ou estranho, praticando a caridade de forma forçosa afim de aliviar nossas cargas. Acusamos o outro para esconder o nosso pior lado, com medo de que descubram que não somos perfeitos. Criou-se a cultura do fingir-viver. Eu finjo que gosto, eu finjo que sou, eu finjo que posso. It's time to pretend!

Vejo crianças que ainda querem brincar dizendo para si mesmas que sabem o que estão fazendo. Eu vejo que ainda não querem ir dormir. Vejo que elas não gostaram do presente de aniversário. E eu vejo que essas crianças estão assustadas. O sistema funciona. Respeito através do medo, disciplina através da dor.

Eu estou pensando em acabar com tudo. O que disse? Nada.

 

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